11 julho 2011

Uma Brincadeira Que Custou Caro a Vincent



Vincent Dal-Moulin Rouge era daqueles que perdia o amigo e nao a piada. Especialmente se o amigo nao fosse tao bom quanto a piada.

Certa vez, o Vincent viu uma cena que jamais esqueceria pelo resto da vida - e que lhe gerou tres reaçoes quase ao mesmo tempo - e todas num lapso de segundos. A primeira reaçao foi a mais natural delas: estupefaçao. A segunda, inconformidade. E a terceira, enfim, caiu no leito natural: a comicidade da cena.

Adiantemos que Vincent pagou caro pela brincadeira: teve a autorizaçao de viagens negada para dar aulas na Ezzaf, onde era instrutor, teve os treinamentos cortados e tudo mais a que tem direito um perseguido.

Somente muitos anos mais tarde eh que o Corregedor M. Leon o resgataria do confinamento, ao convoca-lo para auxiliar nos trabalhos da Corregedoria. As convocaçoes do Corregedor nao podiam ser recusadas, e Vincent acabaria dando uma destacada contribuiçao para pegar uns quinze corruptos de grosso calibre.

Passemos agora a cena que Vincent Dal-Moulin viu, para seu azar: aconteceu em Porto Alegre, nos corredores  de um dos edificios que dao para o belo por-de-sol do Rio Guaiba.

A passos largos, denotando que estava atrasado para o voo, ia o Secretario Hoziris, ha nao muito falecido, de boa memoria entre nos. Um pouco mais atras, devido as passadas mais curtas e por carregar a pesada mala do Secretario, seguia o Super10 Dejair Cardos.

- E ai, dr. Cardos! Dando uma de carregador de mala do do secretario, hein! Vai ser promovido! - gritou o desavisado colega.

Pronto. Tava feita a porquera. Hoziris deu uma breve risada e apertou a mao de Dal-Moulin, nisso dando tempo para Dejair Cardos alcança-lo.

Dejair Cardos, pelos anos a fora, jamais perdoaria a revelaçao de um abscondito segredo de oficio. Dal-Moulin ainda tentou atenuar dizendo: Brincadeira, dr.Dejair. Mas ja era tarde. Dejair Cardos fechou-lhe a cara, e Dal-Moulin pode ler nos olhos dele a seguinte mensagem: Tu me paga.

E pagou, como dito. Num belo poema de Edgar Allan Poe, um corvo agourento aparecia dizendo: nunca mais! nunca mais!

Viagens...nunca mais! cursos...nunca mais! ferias em janeiro...nunca mais! cargo de confiança...never more!

Quando acabou o mandato do Corregedor, Vincent Dal-Moulin Rouge recusou-se retornar ao cativeiro. Foi trabalhar e viver em Floripa, feliz da vida. 

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