Este blog é um pouco da história da corrupção e da impunidade, que devastam o país como nunca. Vai também sobre filosofia e política. Atençao:a partir de maio de 2011, os artigos nao conterao acentuaçao grafica, devido a uma necessidade especial. Por ser portador de Esclerose Lateral Amiotrofica, restou ao autor escrever com os olhos, por meio de computador especial com teclado virtual, no padrao ingles-americano.
09 julho 2011
O Segredo da Longevidade de Dejair Cardos
Dejair Cardos ja ia completar 20 anos a frente da Super10.
Intrigava a todos como um sujeito podia manter-se por tanto tempo no cargo, de onde viu passar uma fileira de secretarios. Alguns ate achavam que essa longevidade deveria ser objeto de estudo das ciencias sociais. Mais exatamente: haveria que buscar na obra do alemao Max Weber, que estudou profundamente o fenomeno da burocracia, para entender o Super10 Cardos.
Um dia, Koyanicovz e M. Leon viajaram a Porto Alegre. Foram gentilmente recebidos por Cardos, num encontro sem pressa, somente limitado pela hora do aviao.
- Olha, estou pasmo com a administraçao do dr. Lastforever! Nunca vi coisa igual, e nao eh de ontem que to aqui - arrematou Cardos, prosseguindo em mais um juizo:
- E pensar que o homem eh formado em...como eh mesmo...esta faculdade em que se estudam as pedras deste a prehistoria... Ah, sim: geologia.
E concluiu com a voz quase embargada:
- Voces nao vao me dizer que um homem especializado so nas pedras chega e alavanca a arrecadaçao assim nao eh um genio! Coisa impressionante!
E fitou Koyanicovz, esperando o rebote. Koyanicovz, discretamente, preencheu o vazio, com uma palavra:
- Parece um caso de versatilidade.
- Eh pouco, muito pouco! Versatil sou eu. Nosso chefe eh um genio!
Chegara a hora do voo, e os visitantes despediram-se de Cardos.
Quando assumiu a Corregedoria, M. Leon retornou a Porto Alegre, para dar aulas aos novos auditores que faziam o curso de formaçao. Na sexta, dia do retorno, fez uma visita protocolar ao Super10, acompanhado por um colega.
Como sempre, Cardos recebeu-os gentilmente. Apos as saudaçoes de praxe, com os comentarios sobre a Super10 e os trabalhos da correiçao, Cardos emendou:
- Este moço, o dr. Fahrid, esta me saindo melhor do que a encomenda.
E prosseguiu:
- Quem dissesse que, depois do dr. Lastforever, viria alguem ainda melhor corria o risco de ser enfiado numa camisa-de-força, e ate eu ajudaria a domar o doido. Mas nao eh que o doido tava certo...a arrecadaçao!
Nao se sabe como, repentinamente, o nome do colega Vao Real surgiu na conversa.
- Enquanto eu estiver por aqui, esse cara vai pastar! - disse Cardos, fazendo aquele biquinho, que indicava a decaida subita do humor.
M. Leon, que conhecia Vao desde os tempos de universidade, deve ter pensado: vai pastar por uma boa invernada o colega, a julgar pelo tempo que o homem ainda quer ficar na Super10.
Cardos tinha esse pequeno problema: era intolerante e um tanto desaforado com os subordinados. Quase 20 anos como Super10 ja lhe assegurariam essa intemperança, se ele acaso nao a trouxesse de berço.
A um colega que lhe passou uma mensagem, dizendo que nao poderia participar de um treinamento por estar em greve, Cardos respondeu:
- Me faça o favor de nao participar deste treinamento e de nenhum outro.
Quando Fahrid foi defenestrado pelo ministro que tambem demitiu os corruptos aliados, Alina V. assumiu o comando da Secretaria.
Vinda do movimento sindical, Alina deu o bilhete- azul a Cardos e resgatou Vao Real do pasto dos perseguidos. E o pos sentado na mesma cadeira que Cardos havia esquentado por quase duas decadas. Nao se deve cuspir contra o vento.
Cardos foi-se embora para sempre. Virou mais um consultor, nao se sabe desde quando. Tampouco se conhece sua opiniao sobre a genialidade de Alina.
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