30 junho 2011

Esquece o Código Da Vinci e Vai Estudar







Se tu acreditas que “a dor é boa”, vai ver o filme o Código da Vinci. Passada a fase do auge, o filme-livro que pretendeu revisar o  Cristianismo anda mofando nas prateleiras das bibliotecas e videolocadoras. 

Porém, amigo, se tu não estás entre os que abrem seus dias rezando com a Opus Dei, a dizer: “A dor é boa”, então não percas tempo: o filme é fraco, ruim mesmo. Não porque vem do livro homônimo de Dan Brown, um amontoado de loucas suposições e fantasias.

Bem, mas já que filme não é livro, o que era ruim no papel poderia - quem sabe? - ficar bom na tela, com um enredo de ficção divertido e boas fotos. Animado por essa expectativa, fui ao cinema. Que nada!, me dei mal. É mais um caça- níquel hollywoodiano. O elenco bom não salva o filme de ser medíocre e soporífero, salvo uma ou outra disparada de carros em perseguição e fuga.


Dan Brown pretende que toda a história da civilização ocidental-cristã seja um engano de dois mil anos. Milhares de pensadores e gênios da história universal teriam dormido no ponto sem perceber essa fraude, até o autor de O Código Da Vinci surgir e despertar a humanidade, revelando finalmente o código sagrado. Isso é, desvendando o segredo do Santo Graal, que não tem nada físico. O segredo seria a própria história malcontada do cristianismo.


O livro de Brown reúne todo o lixo gnóstico, que é sempre revolvido e reciclado nas antevésperas de Natal e Páscoa a cada ano pela mídia hostil ao cristianismo (olhem aí o tal Evangelho de Judas e o velho gnosticismo apresentado como novidade, dias atrás).

Consultando os arquivos da lixeira, Dan Brown afirma que Jesus não era divino, era humano, demasiado humano, e casado com Maria Madalena. E assim era visto por seus seguidores desde sempre, até que Constantino, no ano 325 d.C, em conluio com os cardeais do Concílio de Nicéia, impôs a unidade entre Jesus e Deus, que passariam a ser a mesma pessoa.


O autor de “O Código Da Vinci” não acerta nem nas datas. São tantas as evidências a colocar o livro como um verdadeiro samba do crioulo doido, que já o Evangelho de João, cujo consenso entre os estudiosos o dá por escrito entre 85 e 100 d.C, é a primeira evidência. O evangelista escreveu no mais teológico livro do Novo Testamento:


“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (João 1, 14).


O Evangelho de João não deixa, pois, margem à nenhuma dúvida quando iguala Jesus a Deus, e o faz 200 anos, no mínimo, antes do Conselho de Nicéia reunir-se para, segundo Brown, “criar a farsa de Jesus divino”. Ouçam, pois, a gostosa canção “O samba do crioulo doido” e vejam a seguir o filme. As pirações batem uma com a outra, tudo fecha nesse non sense. Oba, então, está combinado:“A Leopoldina virou trem" e "Constantino disse amém". Dan Brown só merece um conselho: "Vai estudar!"

28 junho 2011

Como agiam os contrabandistas dentro da Receita



Certo dia, nos estertores do ano de 2002, o dr. Medicina foi chamado pelo chefe, la no setimo andar. O dr. Medicina pegou este apelido por sempre ter a mao um remedio para as dores de cabeça do chefe. E naquele dia a dor de cabeça era esta:


- Boa tarde, chefe. As ordens.


- Dr. Medicina. Voce sabe que eu sou contra essas coisas de bingo, caça-niqueis e todo tipo de jogo de azar. Eh uma imoralidade!


- E eu nem se fala, chefe. Alias isso dai ta proibido de importar - e muito bem proibido pela lei.


- Verdade, meu caro Medicina, verdade. Mas eu nao sou contra os computadores.

- E eu nem se fala chefe! Sem eles, a humanidade volta de quatro patas pra caverna!


- Pois olhe: a maquina de jogo hoje evoluiu, tem chips, processadores, memorias e ate ventoinhas. Pra mim esse troço ja virou um computador.

- Chefe - disse Dr. Medicina dando um tapa na testa -, como eh que eu nao pensei nisso antes!


- Entao pronto, Medicina. Temos uma consulta aqui da FEBRASORTE. A federaçao nacional das loterias. Vamos ter que dar uma soluçao rapida...

- Sim, chefe. E digo mais: eh tudo computador.

Com essa ordem ao Dr. Medicina, estava para nascer, em poucos dias, a sinistra Soluçao de  Pergunta 9, a SP- 9 elaborada pela Doanna, orgao central da Receita de Brasileia.

 Eis ai uma medida da propria Receita a serviço do contrabando! Fraude do começo ao fim, de espantosa ousadia.

Recordemos brevemente brevelmente como tudo se passou:

Em primeiro, houve a burla na tramitaçao regimental. Em vez de ser regularmente protocolizada na delegacia de Brasileia, a consulta foi parar diretamente no orgao central, nao se sabe como.

O documento tinha a assinatura falsificada. Isto eh, nao era o presidente da FEBRASORTE que consultava, mas um estelionatario qualquer que se fazia passar por ele. 

O que! Por que diabos um estelionatario desconhecido faria uma consulta que somente era do interesse da FEBRASORTE...

Huummm...Este foi um estelionatario desejado, de caso pensado para a fraude. Pois o presidente da FEBRASORTE poderia dizer que nao era dele a assinatura, em caso de aperto, como de fato disse. Seria apenas uma vitima.

 O grafotecnico confirmaria a assinatura falsificada. A falsa assinatura serviria para mais: seria a justificativa para revogar a SP -9, caso o Corregedor M. Leon mandasse investigar, e aquele bravo trio de investigadores desvendasse  a fraude. Assim, a SP-9 acabaria por ser revogada nao pela sua verdadeira condiçao, de ato ilegal e corrupto, mas por vicio de origem, ja que fora construida sobre uma falsificaçao.  

Prossigamos: ainda que fosse verdadeira a assinatura, a consulta nao poderia ser recebida, pois estava desacompanhada dos estatutos da FEBRASORTE, documentos necessarios para comprovar se era autentico o mandato de seu presidente e o alcance de seu poder de representaçao.

 Finalmente, foi elaborada pelo Auditor-Fiscal Cesare Dallson-Van, no exiguo tempo de 12 dias, e mandada publicar no Diario Oficial pelo dr. Medicina, que assinou o ato normativo ilegal.  

A partir da publicaçao, estava aberta uma avenida para os contrabandistas trazerem para o Brasil 3.600 maquinas de jogatina,
tais como video-poquer, caça- niqueis e bingos, fabricadas pela Game Technology. Tudo isso como se fossem computadores comuns, graças a interpretaçao que Cesare havia feito, alterando a classificaçao na nomenclatura.

Os contrabandistas fizeram um ensaio, importando uma pequena amostra das maquinas de jogo.  Acreditavam que nao encontrariam resistencia, uma vez que lhes respaldava um ato da administraçao superior da Receita.

Mas deram com os burros na agua, graças a açao firme de um Auditor-Fiscal, que nao se intimidou nem mesmo quando ameaçado de puniçao por descumprir orientaçao superior - SP -9 da Doanna. E apreendeu tudo. 

- Estas coisas nao sao computadores, e sim maquinas de jogos proibidas de importar. Eh contrabando - disse. 

Por ter feito a SP-9, Cesare Dallson-Van foi enquadrado na pratica de ato de improbidade administrativa e demitido. 

Pergunto o que aconteceu com aqueles que o mandaram fazer o ato ilegal. A resposta eh: nada. Absolutamente nada. Os fantoches ja haviam atracado na corregedoria. 

Hoje, apenas o Ministerio Publico persegue a gangue do contrabando, movendo contra eles uma Açao Civil Publica. 

O dr.Medicina, leio num jornal de Sao Paulo dias atras, tendo se safado por ora, prossegue fazendo seus plantoes no setimo andar. 

Porem desta vez, para quem escolhe mal sua assessoria, o dr. Medicina eh que sera a dor de cabeça. 


Todos os nomes constantes neste artigos sao ficticios. Portanto, qualquer igualdade com o nome de pessoas reais tera sido mera coincidencia.

27 junho 2011

Um Inquerito Encomendado Contra Albert Amadeus



Albert Amadeus-Amadei era um grande cara. Sempre teve posiçoes filosoficas, politicas  e sabia defende-las muito bem.

 Durante anos a fio, pontificou como uma das principais lideranças do movimento sindical dos Auditores-Fiscais. Quem nao o conhecesse nessa seara, era porque havia recem chegado de uma longa temporada em Marte. 

Um dia, Albert criticou algumas ideias de um secretario da Receita de Brasileia, o dr. Lastforever.

Foi um bombardeio em cima do koyanicovz, o Corregedor.

- Voce viu o que ele disse de mim, viu! Tem que abrir um inquerito contra esse cabra.
- Vi, sim, Dr. Lastforever,  mas nao me parece infraçao, porque nao houve ataque pessoal.
- Foi o que, entao, se nao foi uma afronta! E nao me venha com piruetas juridicas...
- A meu ver, foi apenas uma critica de ideias. 

O dr. Lastforever estava furioso. Nao gostava de ser contrariado, ainda que fosse pela tangente. Queria ir a forra contra Albert.

- Critica de ideias, critica de ideias uma ova...da tudo no mesmo, ja que sem ideias o homem nao existe. Esse cabra me afrontou! Tem que responder a um inquerito.
- Sinto muito, mas nao vejo assim, dr. Lastforever.

Irritado, o dr. Lastforever encerrou a conversa por aquele dia. Voltaria a carga varias vezes, irresignado que estava. Esforço inutil: ainda nao era chegado o tempo dos fantoches na Corregedoria. 

- Eh insistente o homem, hein! - disse Koyanicovz a M. Leon. 
- Melhor fechar a Corregedoria do que fazer inquerito sob encomenda. Ja acho uma falta de respeito so em ele fazer um pedido desses - disse M. Leon.  
- Concordo, respondeu o Corregedor. Esse inquerito nao vai ser aberto. Nem que a vaca tussa!

O Corregedor koyanicovz tinha uma envergadura moral fora do comum. Era de uma personalidade admiravel. Poderiam chamar o presidente, e nem assim ele acataria encomendas de inquerito, suposto que o presidente fosse capaz de mandar tocaiar alguem.


Seria um justo, se o Apostolo Paulo nao tivesse advertido de que, sobre a face da terra, nao ha um unico justo, nem um somente.

Todos os nomes constantes neste artigo sao ficticios.  Portanto, eventual igualdade com o nome de pessoas reais tera sido mera coincidencia.

26 junho 2011

O Corrupto Que consultava Os Astros


Ele batia ponto religiosamente as 7 da manha, numa determinada delegacia da Receita, sob jurisdiçao de Brasileia.

Das sete as sete e meia, mais ou menos, Eusebyo Seestars apagava dividas de empresas nos sistemas da Receita.   Nao cobrava hora extra, registrando sua chegada sempre as 8 da manha. Eusebyo Seestars sabia que, caso o caldo entornasse, a folha de ponto seria um alibi.


Naturalmente, a senha de que se utilizava fora apanhada de uma colega incauta, que a compartilhava com terceiros. Ele vinha cobrando 20 por cento do valor da divida que riscasse do mapa.


Chegado o dia em que Eusebyo Seestars faturou seu primeiro milhao, ficou todo euforico. Havia o que comemorar.  


Entusiasmado com a nova condiçao de milionario-minimo, ligou para mae Iara de Exu e Ossanha, que vinha orientando, com previsoes certeiras, os ataques matutinos contra o Tesouro. 


- Alo, alo! Mae Iara, a senhora eh divina! Apesar de seu departamento ser o dos pretos-velhos...nunca vi melhor astrologa!
- Oia meu filho. Oxala eh quem faz nois ver e ouvir! Eu oiço preto-veio tao bem quanto vejo os teus passos nas estrelas. 


Mae Iara nao fazia a menor ideia dos crimes de Eusebyo Seestars. Pensava tratar com um homem de negocios preocupado com o futuro.

- Mae Iara, prepare o seu coraçao. Semana que vem tenho um alto negocio. 
- Ih eh, meu filho!
- Eh sim! A senhora ta sentada pra escutar...
- To, meu filho.Fala logo, que ja to eh curiosa.  
- Se der certo, vou lhe dar um uno mille. Zerinho, emplacado e tanque cheio.   

Nesse ponto da conversa, mae Iara de Exu e Ossanha emudeceu.

- Alo, alo! Mae Iara, ta me ouvindo...
- To sim. Fiquei tao emocionada, que perdi a voz!
- Quero que a senhora consulte os astros e me diga qual o melhor dia pra eu fechar o negocio. Ah! Tem que ser de manhazinha. Tem que dar certo!
- Ja deu certo, meu filho. To vendo aqui!
- Ah! graças a Deus. Assim que fechar o negocio vou comprar o seu uno.  

Foi entao que mae Iara teve esta sacada genial: 

- Filho, to vendo voce comprar o carro antes de fechar o negocio. Ta escrito nos astros. 
- Mas...mas...sempre paguei depois. 
- Filho. Eh questao de fe nos astros. To vendo voce me presenteando antes do negocio dar certo. 

E assim foi que mae Iara ganhou seu uno mille na quarta-feira. 

Dois dias apos, Eusebio Seestars foi preso em flagrante pela PF, as sete e meia da manha, enquanto fechava o seu negocio dentro da Receita. Seus acessos vinham sendo monitorados pela Corregedoria. A escuta telefonica foi autorizada pela Justiça. Eusebyo foi demitido e preso. Perdeu aquele milhaozinho.

 Mais um corrupto que quase chegou la!  


Os nomes constantes neste artigos sao ficticios.  Portanto, eventual igualdade com nome de pessoas reais tera sido mera coincidencia.

25 junho 2011

O Homem Que Sabia Demais



Nos proximos posts comentarei uma das maiores fraudes que se tentou contra a Receita Federal e contra a economia popular: a importaçao, aos milhares,  de maquinas de jogos de azar, pura vigarice em que se fez da nomenclatura a vara do mago Merlin, para transformar  aquelas coisas da jogatina, esfuziantes, piscantes e multicores em - vejam so! - computadores, meros computadores. 

Era fraude do tipo legislaçao vendida.  Somente nao se consumou graças a resistencia isolada de um Auditor-Fiscal,num aeroporto da cidade maravilhosa.

Um dia, o dr. Medicina foi chamado pelo chefe, la no setimo andar. O dr. Medicina pegou este apelido por sempre ter a mao um remedio para as dores de cabeça do chefe. E naquele dia a dor de cabeça era esta:

- Boa tarde, chefe. As ordens.
- Dr. Medicina. Voce sabe que eu sou contra essas coisas de bingo, caça-niqueis e todo tipo de jogo de azar.
- E eu nem se fala, chefe. Alias isso dai ta proibido - e muito bem proibido - de importar.
- Verdade, meu caro Medicina, verdade. Mas eu nao sou contra os computadores.
- E eu nem se fala chefe!
- Pois olhe: a maquina de jogo hoje evoluiu, tem chips, processadores, memorias e ate ventoinhas. Pra mim esse troço ja eh um computador...
- Chefe, como eh que eu nao pensei nisso antes!
- Entao pronto, Medicina. Temos uma consulta aqui da FEBRASORTE.  Vamos ter que dar uma soluçao rapida...
- Sim, chefe. E digo mais: eh tudo computador.
-Good boy!


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Fica como recomendaçao de leitura imperdivel uma obra chamada A Arte da Prudencia.


1) "Tolo não é aquele que faz uma tolice, mas aquele que não sabe disfarçá-la".
2) "Se é preciso ocultar os sentimentos, ainda mais os defeitos. Todo mundo erra, mas com uma diferença: os sábios encobrem até os erros, e os tolos falam até daqueles que estão para cometer. Para a reputação, mais vale o recato que o fato. Se não pode ser casto, seja cauteloso. Os descuidos dos grandes são observados de perto, a exemplo dos eclipses do Sol e da Lua. Não devemos confiar nossos defeitos nem aos amigos, nem a nós mesmos, se fosse possível. Aplica-se aqui outra regra do bem viver: saber esquecer"

3) "A boa conduta acabou, as obrigações agora não são pagas, e poucos dão aos outros o tratamento que merecem. Os serviços melhores recebem a pior recompensa; é o costume no mundo todo. Existem nações inteiras inclinadas a proceder mal. De muitas, teme-se a traição; de outras, a inconstância; e de outras ainda, o logro. Repare na má retribuição, não para imitá-la, mas para se acautelar, pois poderá ter sua própria integridade arruinada de tanto ver o mau comportamento dos outros. Mas o homem honrado não se esquece de quem é em função do que os outros são".


4) "A prudência é reconhecida pela seriedade e granjeia mais respeito do que o talento. Quem vive brincando não é um homem que mereça confiança. São comparados aos mentirosos e nunca lhes dão crédito. De um tememos a trapaça, do outro, a zombaria. Nunca se sabe quando estão exercitando o juízo, o que equivale a não tê-lo. Não existe humor pior do que o contínuo. Alguns ganham a fama de espirituoso e perdem a de sensato. Há momentos para o riso, mas o resto do tempo pertence à seriedade".

***
O autor das sentenças acimas, de grande expressividade e sabedoria, é o jesuíta espanhol Baltasar Gracián, que pontificou no século 17. Enfeixou numa pequena obra-prima intitulada "A Arte da Prudência" considerações sobre a vida familiar, social e política. Muitos o consideram o maior prosador da língua espanhola, haja vista o estilo, a um só tempo literário, sóbrio e profundo de suas obras.

O pequeno livro é leitura obrigatória para pais, educadores, vizinhos, amigos, amigas homens e mulheres de negócio, políticas e políticos - enfim, para todos. Obra elogiada por Schopenhauer e Nietzsche, o primeiro considerando-o "único, e o segundo, coisa extremamente refinada, o pequeno livreto fica, pois, como recomendação de leitura aos dez amigos e leitores deste blog.
"A Arte da Prudência" pode ser adquirida nas "boas casas do ramo".

23 junho 2011

Agradecimento



Meus agradecimentos aos leitores deste blog. Apenas 25 dias apos  retomado, ja atinge um surpreendente numero de quase 6.500 paginas visitadas.

Dos artigos, O Corrupto Que Quase Chegou La bateu todos os recordes. 

Vou prosseguir denunciando a corrupçao e o modo como esta praga funciona,  sob compromisso de verdade com os leitores, que me honram com sua presença diaria.

Graças a uma solida melhora de minha saude, graças a Deus e graças a tantos amigos, que, de fora e de dentro da Receita Federal, rezaram para isso se tornar real.

Meu eterno agradecimento a minha esposa e a meus filhos, que, com muito amor e coragem, suportaram ate o limite as angustias dos dias de UTI, em que a coisa mais certa de todas as coisas sao  a fragilidade e as incertezas da vida humana - na doença ou na saude. 

Agradeço tambem ao Unafisco Saude, que teve um papel fundamental nos momentos mais dificeis de nossa familia - e prossegue tendo ainda agora.

Hoje eh Corpus Christi: Bem-aventurados os que tem sede de Justiça, porque serao saciados. 

God Bless! 

22 junho 2011

Aviso aos ladroes e a quem deveria impedir o furto


Não é só reconhecer os erros, filho. É mais. Tem de devolver o dinheiro que furtaram, disse-me o padre Antônio Vieira, na madrugada fria da última sexta feira de junho,  em Porto Alegre, onde as estátuas nas praças espirravam de frio.


Com fastio de ouvir as ladainhas dos corruptos meia-tigela, que nem a roubar direito aprenderam, jogando notebooks pelos ares em queda livre, quase ia - só por hoje - recolhendo-me mais cedo.

Foi, quando, então, lembrei-me do homem a quem faltava tempo para ser breve.

O padre Antônio Vieira, dele se diz que um só zunido de inseto já era demasiado barulho, percebido no silêncio das multidões que o ouviam quase hipnotizadas.

Calavam-se todas as bocas e punham-se em sentinela todos os ouvidos para escutar o padre da retórica de fogo. Foi o maior orador do Brasil, as palavras saindo de sua boca numa   explosão, para entrar nos ouvidos transformadas numa sinfonia ao bom entendimento. Cada dizer no seu lugar, metáforas abundantes, citações e tropos perfeitos.

Fernando Pessoa o chamou de "imperador da língua portuguesa". Falava com a autoridade de um profeta.
Roguei-lhe, insone, que me concedesse fazer duas ou três perguntas urgentes, pois para elas não encontrei respostas nem no Supremo Judiciário, quem dirá das bocas dos dos escalões inferiores

Eis as indagações e as respostas de Antônio Vieira:


Blog - Padre, o rei que não rouba e não sabe que sua corte graduada rouba, estará salvo? Ou merece a danação?
Antônio Vieira: Merece. Declarado assim por palavras não minhas, senão de muitos bons autores, quão honrado e autorizados sejam os ladrões, estes são os que disse, e levam consigo os reis ao inferno. Primeiro, porque o rei lhes dá ofícios e poderes, com que roubam; em segundo, porque o rei os conserva neles.


Blog - Reverendo, insisto: se o rei não roubou, nem sabia que roubavam, quem fica obrigado a restituir aos cofres públicos o dinheiro pilhado?
Antônio Vieira: O rei. É o rei obrigado, sob pena de danação, a restituir todos esses furtos. E quem diz isso? Já se sabe que há de ser São Tomás de Aquino. Pergunta São Tomás se a pessoa que não furtou, nem recebeu, ou possui coisa alguma do furto, pode ter obrigação de restituir. E não só afirma que sim, mas, para maior expressão do que vou dizendo, põe o exemplo nos reis. Aquele que tem obrigação de impedir que não se furte, se não o impediu, fica obrigado a restituir o que se furtou. Não se perdoa o pecado sem se restituir o roubado.


Blog- Não duvidando jamais de sua palavra, mas a condenação do rei que diz que não sabia de nada, isso não seria uma injustiça? Ele deve pagar pelos crimes dos outros?
Antônio Vieira: Até os príncipes, que por sua culpa deixam crescer ladrões na rua, são obrigados à restituição, porque as rendas com que os povos os servem são como estipêndios consignados por eles para que os guardem e os mantenham em justiça. E se nessa obrigação incorrem os príncipes, pelos furtos que cometem os ladrões casuais e involuntários, muito mais serão eles responsáveis pelos ladrões que eles mesmos, por sua própria escolha, armaram de poderes com que roubam os povos.
Blog - Padre, por último, aqui uma mulher furtou um pote de manteiga e foi mantida presa; o juiz negou-lhe habeas corpus. E os suspeitos de furtos do dinheiro público estão livres e ganham tantos habeas corpus como as crianças ganham presentes no Natal. Serão condenados?
Antônio Vieira: Tem paciência e ouve. Suponho, finalmente, que os ladrões de que falas não são aqueles miseráveis, a quem a pobreza os condenou a este gênero de vida, porque a própria miséria alivia o seu pecado, como diz Salomão: "Não é grande a culpa, quando alguém furta, se furta para matar a fome". O ladrão que furta para comer não vai nem leva para o inferno. Os que não só vão, mas também levam, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera. Os ladrões que mais própria e dignamente merecem esse título são aqueles a quem os reis encomendam o governo da província ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Porque os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados. Estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de ministros levavam para enforcar uns ladrões de rua, e começou a bradar: "Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos".


E nada mais disse nem lhe foi perguntado.

21 junho 2011

Uma Delegada De Arrepiar

Podem procurar. Voces nao vao achar nada - disse Kelly-Anne a Policia Federal, que acabara de entrar em sua casa, num condominio fechado de luxo, no Free Way Park.
- Sou uma pessoa de bem - retrucou a entao delegada da Receita de Brasileia aos agentes da PF e membros da Corregedoria, que acompanhavam a operaçao. 

 O Ministerio  Publico havia tambem pedido a prisao dela, mas o juiz somente autorizara a busca e apreensao. Os agentes da correiçao foram diretamente ao computador. 


- Olha aqui, olha aqui, Paulus Vinicius. Ela faz mandado de segurança contra ela mesma, Nossa Senhora!- disse Rodney com os olhos esbugalhados de surpresa.


Paulus Vinicius, um dos mais argutos da Corregedoria, correu e segurou pelo braço o agente da PF, que ja estava com a cpu no ombro, no rumo da viatura.


- Perai, perai! -  disse Paulus. - Vamos imprimir tudo aqui mesmo. E assinamos todas as folhas como testemunhas, pra que ela nao diga que foi a gente que botou essas provas no disco rigido.

A antevisao de Paulus mostrar-se-ia decisiva na formaçao do conjunto probatorio solido, que levaria a demissao de Kelly-Anne.  

E assim foi. Enquanto a velha impressora matricial zunia, ia revelando peças inteiras de defesa em favor de Otto Octavio, grande incorporador de Brasileia, fundaçao Gastex e mais uma miriade de nomes famosos na praça, num espetaculo da corrupçao.  E, por fim,  a peça de defesa inteira da Tacanarello, de Joiania  - a cidade joia. 

Sim! Kelly-Anne tambem estava associada ao chefe da fiscalizaçao Antonini Luizzi para construir e derrubar a multa de 100 milhoes.

Somente a propina - estima-se pelo valor medio praticado nessas traficancias - bateria na casa dos 20 milhoes. Contanto que a multa fosse derrubada dentro da propria Receita de Brasileia. Mais precisamente, no julgamento do recurso administrativo, na TRJ. 

Assim tinha que ser. Porque no Judiciario os corruptos anfibios nao tem influencia nenhuma. As cortes sao o lugar de os advogados de verdade atuarem, dos prazos recursais ad infinitum, que tornam nulas a chance das quadrilhas, que tem de agir em prazos curtos, quase no toma-la-da-ca.   

Dai a reuniao promiscua, entre Antonini Luizzi, que aplicaria a multa na Tacanarello, Richard France et caterva na TRJ de Brasileia, onde a multa seria julgada. Sobre esse encontro, veja o post O Corrupto Que Quase Chegou La.

Essa reuniao, ainda que nao fosse para fins espurios - como de fato era -  ja em si mesma poderia ter dado causa a nulidade do auto de infraçao por inteiro. Pois seria o mesmo se um Procurador da Republica acertasse previamente com o Juiz os termos da denuncia. Seria caso de nulidade absoluta, pela falta de isençao do juiz.   

Foi nessa reuniao que Richard France escolheu o homem da relatoria, contrariamente ao regimento. E nao por acaso, esse relator, a quem caberia opinar no caso Tacanarello, era um amigo de Kelly-Anne, tendo com ela publicado trabalhos sobre tributaçao. Ainda planejavam escrever em parceria um livro. Sortear relator pra que! Ficou tudo em casa. Faltava-lhes apenas ajustar detalhes do esquema. Por exemplo, derrubar a multa na totalidade seria dar bandeira! Chamaria a atençao. Algo teria que sobrar para a Receita.

Voltemos a Joiania, um mes antes. Antonini Luizzi mandou a mulher espatifar o notebook, lançando-o pelos ares, como vimos. Mas se esqueceu da papelada, o que foi o começo do fim para Kelly-Anne.

- Olha, olha aqui essa letra, War. Nao ta conhecendo!, disse Rodney ao colega, quando examinava a papelada apreendida no apartamento de Antonini.
- To nao! Eh de quem...
- Eh dela mesma,  da Kelly-Anne. 
- O que! - disse o Auditor-Fiscal War, palido de espanto.
- Eh sim, eh sim. Eu trabalhei com ela e conheço bem essa letra - insistia o Auditor-Fiscal Rodney.
-  Vamos pedir um grafotecnico urgente - disse War, que chefiava a operaçao. - Se ela foi capaz disso, tem que ser demitida e presa.

A surpresa e indignaçao de War era porque tinha em suas maos a defesa completa da Tacanarello, elaborada por Antonini, com observaçoes manuscritas de Kelly-Anne em muitas das paginas do extenso documento. 

- Esses traidores da Receita, bandidos. Tem que enfiar tudo na jaula - esbravejou War, dando um soco na mesa. E assim, em mais ou menos um mes depois, um juiz federal mandava a PF procurar Kelly-Anne. 

A comissao investigadora, que acabaria propondo a demissao de Kelly-Anne, foi presidida por M. Leon.  E houve uma batalha juridica cerrada. Kelly-Anne, no exercicio da defesa, buscava a todo custo anular o processo. 

    Ela mesma com solida formaçao juridica, tendo como advogado o brilhante doutor Lince, praticamente anularam quase todas as testemunhas, que mentiam nervosamente para nao se incriminar.

 Uma unica testemunha, contudo  - o presidente da OAB do estado cuja capital eh Joiania - deu um depoimento verdadeiro. O doutor Felizardo, que assinou o rcurso interposto na TRJ de Brasileia, e que diziam ser o unico autor da peça, respondeu clara e honestamente:

- Eu recebi todo o conteudo praticamente pronto. A mim coube eliminar alguns erros e dar uma roupagem juridica precisa a peça de defesa da Tacanarello.

The end. Com esse unico depoimento e o solido conjunto de provas, fecharam-se os trabalhos de investigaçao e a carreira de Kelly-Anne.


Todos os nomes constantes neste artigo sao ficticios. Portanto, qualquer igualdade com o nome de pessoas reais tera sido mera coincidencia. 
Os fatos, porem, sao verdadeiros como o sol.  

19 junho 2011

O Corrupto Que Quase Chegou La



- Ai, meu Deus. A Policia Federal ta invadindo nosso apartamento - disse apavorada a mulher de Antonini Luizzi.

Antonini Luizzi, fora dali, escutava os gritos apavorados de sua mulher ao celular:

- Sera que vieram nos prender! Que eh que eu faço...me diz, me diz!

 - Pega o notebook, aquele cinza. Joga pela janela! Rapido, rapido!

O nobebook mergulhou do quarto andar para espatifar-se no concreto do playground. Um agente da PF ainda tentou evitar o lançamento, mas por um segundo de atraso malogrou na tentativa.

Entao, inconformado, disse a delegada que comandava a operaçao: - Ela espatifou as provas.  

Impertubavel, a policial-chefe respondeu: - Uai, nao ouvi o estrondo. Desce logo la. Acho que ela fez foi nos ajudar, selecionando provas pra gente. 

Um anjo ajudou a policia. Pois o notebook havia caido justamente num canteiro de rosas, com a terra fofa o suficiente para mante-lo intacto. 

Graças a um canteiro de rosas, Antonini Luizzi foi demitido da Receita. Ele vinha fazendo poucas e boas. Como fiscal, chefiava a equipe em Joiania, cidade assim chamada por ser uma joia.  Como corrupto, atuava furtivamente em defesa da propria fiscalizada, a empresa de medicamentos Tacanarello.

 O auto de infraçao superou 100 milhoes. Mas era furado como um queijo suiço. A tatica da corrupçao eh fazer autos milionarios, com os pes de barro.   

Assim, valorizavam o trabalho dos consultores e ainda se passavam por fiscalistas de quatro-costados...uma farsa quase perfeita.   

A derrubada do auto teria de começar ja na esfera administrativa. O que sobrasse do iria para a Justiça. Quanto menos sobrasse para contestar no Judiciario, tanto melhor. Maior o butim dos fiscais-consultores.

Pouco tempo antes de mandar a mulher jogar o notebook pelos ares, Antonini Luizzi viajou, com alguns membros de sua equipe, para encontrar-se com Richard France, que chefiava a TRJ de Brasileia. Na pauta: como derrubar o auto de infraçao da Tacanarello. Oficialmente, a reuniao fora  convocada com o proposito oposto. 


 Um encontro desses, entre quem julga e quem lança, ja eh em si mesmo promiscuo. Pois as TRJ ja haviam sido criadas exatamente para assegurar a independencia do julgador em relaçao a autoridade lançadora.  

 A reuniao ocorreu mesmo assim. Richard France deveria observar o regulamento e escolher o relator do caso Tacanarello por sorteio. Mas o sorteio poderia por tudo a perder. Vai que o sorteado fosse gente honesta. 

Richard France, entao, escolheu diretamente o homem da relatoria. O esquema estava pronto.  Sucedeu, porem, um acontecimento que fez ruir o plano. 

Eh que, entrementes, estourava na imprensa de todo Pais o caso de uma delegada de Brasileia, tambem ela uma consultora, e que acabaria investigada e demitida. Veja em Uma Delegada De Arrepiar.

O presidente da Comissao Investigadora, M. Leon, intimou Richard France a prestar depoimento. 

Quando chegou a sala dos trabalhos de investigaçao,  Richard France suava por todo o corpanzil rechonchudo. Com o rosto pigmentado de vermelhidao, as maos geladas e tremulas, um detector de mentiras o fulminaria na primeira pergunta.  

Foram poucas, contudo, as indagaçoes: perguntou-se qual motivo da reuniao para discutir o caso da Tacanarello. Resposta: aperfeiçoar o auto de infraçao. Sou um fiscalista, acrescentou.  
Pergunta: voce aperfeiçoa todos os autos que julga, ou foi somente no caso da Tacanarello...Resposta: so nesse caso houve uma reuniao formal. Pergunta: voce se considera isento para atuar como julgador, apos ter palpitado no auto de infraçao...Resposta: sim. Pergunta: por que voce nao observou o regulamento e designou o relator por sorteio...Resposta: poderia ser sorteado alguem incompetente. 

O inquerito da correiçao e as provas inequivocas encontradas no notebook fizeram o plano soçobrar. 

Antonini Luizzi foi posto para fora da Receita. Mediante relatorios da correiçao, Richard France foi defenestrado da chefia da TRJ. Hoje, ao que consta, esta aposentado e diz que nao tem saudades da Receita.  Pudera! Perdeu alguns milhoes  graças a meia duzia de perguntas da correiçao.  

E, desde entao, destila muito odio de corrupto que quase chegou la contra M. Leon, nos foruns da categoria.


Os nomes constantes neste artigos sao todos ficticios. Portanto, qualquer identificaçao com pessoas reais tera sido mera coincidencia.
Os fatos, porem, sao verdadeiros como o sol.

 

17 junho 2011

Nada Mais do Que a Verdade : Foi Puro Terrorismo!



Meus caros amigos e colegas,

Tudo o que contei em Terror e Perseguiçao na Receita Federal - digo-lhes com a força dos fatos  -  eh a mais legitima expressao da verdade. Ate mesmo no titulo: terror! Afinal, que outro nome poderia ter sido dado...

Uma comissao diligente investiga atos de alta corrupçao.
De repente, tudo se inverte. Eles sao arrancados das investigaçoes e passam a ser tratados como bandidos. Abrem-se cinco inqueritos contra os proprios investigadores, pessoas sabidamente inocentes. Imagino o quanto se ha de ter de força moral para enfrentar tudo isso!

O supremo ato de covardia foi encomendado por Rachid, que nao teve escrupulos para torrar quase quatro milhoes do dinheiro publico, para consumar o ato abjeto jamais visto historia da Receita.

Eu conto sob compromisso de verdade, aquele que se presta antes de cada testemunho.

Ha cerca de pouco mais de um mes, veio a minha residencia a Policia Federal. Em breve vira o Ministerio Publico Federal. E prestarei o mesmo testemunho. 

Nao eh possivel que permaneçam impunes aqueles que agiram como bandidos, como verdadeiros terroristas.  

Tem que ser responsabilizados na forma da Lei. E condenados a pagar pelo mal que fizeram.

14 junho 2011

Terror e Perseguiçao na Receita Federal - final



Vimos, no artigo anterior,
que foram gastos quase 4 milhoes de reais numa apuraçao especial cobrindo longo periodo.  A apuraçao foi solicitada ao Serpro no inicio de 2006 e nao serviu para nada senao ser vazada para a imprensa.


 Washington, Cid e Marco foram absolvidos de todas as acusaçoes. Apenas Washington,  sozinho,  enfrentou cinco processos instaurados contra ele por encomenda de Rachid. Cid e Marco enfrentaram um numero menor de processos, igualmente farsescos e ilegais. Os tres foram amparados pelo departamento juridico do Sindifisco.

 Eh evidente que um gasto de tal magnitude, com desvio de finalidade, somente se efetiva pela mao de um gestor irresponsavel a autoriza-lo, sequioso por vingar-se. A Corregedoria nao tem limite de alçada para ordenar esse gasto milionario.  


 Rachid, de te fabula narratur. Voce mandou gastar quase 4 milhoes de recursos publicos com a unica e exclusiva finalidade de perseguir um Auditor superior a voce, tanto na tecnica profissional, quanto no carater. Por uma soma igual a cinco vezes o preço de sua incuria com o dinheiro publico, Palocci perdeu o emprego de ministro de novo.


Como outra nao era a finalidade dos fantoches a frente da Corregedoria senao desmoralizar a abnegada comissao, o dvd contendo os dados  apuraçao milionaria foi parar nas maos de um jornalista da folha de Sao Paulo.Vieram entao os  manchetaços em jornais e tv:

Auditor da Receita viola sigilo de 23 mil pessoas, incluindo juizes, desembargadores e mesmo o ex-secretario Everardo Maciel. 

 Era chegada a hora da difamaçao do Auditor-Fiscal que vinha investigando atos medonhos de corrupçao na Receita Federal, em Brasilia.


Mas qual foi a providencia que Rachid adotou para investigar esse estupro do sigilo fiscal de mais de 20 mil pessoas, totalmente vazado para a imprensa...

Umas das graves acusaçoes contra Washington foi a de ter aceito a funçao de perito judicial, sem ter comunicado ao   corregedor. Acusaçao falsa. Tao-logo designado perito, Washington comunicou por escrito  essa designaçao. Portanto,comprovadamente, o corregedor fantoche sabia-o inocente. Mesmo assim abriu o processo. .

A Comissao tambem foi acusada por dar conhecimento ao Ministerio Publico antes de concluidas as investigaçoes. Como se isso nao fosse perfeitamente legal e mesmo necessario. Ora, a lei faculta ao Ministerio Publico acompanhar os processos desde o inicio. Portanto, comunicar o Parquet apenas no final dos trabalhos desvirtua esse comando legal, chegando a ser uma irrisao.  

Finalmente,  Rachid produziu uma estrovenga juridica, que, se a memoria nao me trai, leva o nome de memo 444-Gabin, em algum dia de outubro de 2005. Nele eh arrolada toda uma serie de proibiçoes baseada no que a comissao ja tinha feito.

 Assim, a comissao teria incidido nas proibiçoes do memorando ao praticar atos preteritos. Atos  obviamente praticados bem antes do memorando malandro.

 A estrovenga teria que retroagir para alcançar os desejados efeitos punitivos. Com tamanha miseria juridica, nao precisamos de muito esforço para saber por que o auto de infraçao da OAS foi uma porcaria, em que a OAS ganhou, aquela dupla mui esperta levou dezenove milhoes e so a Fazenda Publica perdeu.

 .
Porem, o rol de ilegalidades parece nao ter fim. Uma das maiores desonras para a Corregedoria da Receita Federal foi a busca e apreensao da Policia Federal, realizada nas suas dependencias. O fantoche e seu substituto retiveram materia sob segredo de justiça, cujo destinatario era o o Ministerio Publico Federal, remetido pelo Juizo. Foi parar na Corregedoria por uma circunstancia especial, ja comentada: a funçao de perito do Auditor Washington.

 Eh que, no afa de policiar a comissao para contar tudo ao chefe, os fantoches acabaram metendo os pes pelas maos e violaram um  segredo de Justiça. Acabaram atraindo a Policia Federal para dentro da Corregedoria. Eh, pois, fato certo de quem trilha o caminho da ilegalidade, cedo ou tarde, acaba sendo procurado pela policia. 

Resta comentar a solida colheita de provas que os Auditores-Fiscais Washington, Marcos e Cid fizeram nos cinco investigaçoes.  Ali nao havia nenhuma ilegalidade ou vicio que ensejasse a anulaçao do feito disciplinar, fato que levou a PGFN  a constatar a conformidade legal dos  processos, e o ministro da Fazenda a demitir os acusados. Ai inclusa aquela dupla estranhamente defendida por Rachid. 

  Concluindo, o Ministerio Publico Federal move varias açoes de improbidade administrativa contra Rachid e aqueles que concorreram para auxilia-lo na perseguiçao de inocentes, mediante extenso rol de ilicitudes. As provas sao robustas, a começar pela exigibilidade de que restituam aos cofres publicos 3 milhoes 920 mil reais. Somado a isso, o entao corregedor fantoche responde a processo penal, pela suposta pratica de crime.

Com essas chibatadas no lombo, dadas pelo braço forte da lei, os dois fantoches abandonaram a Corregedoria. Deram no pe, vergonhosamente. Corregedoria eh lugar de gente honesta, de bom carater, tecnicamente preparada para os reveses - e com coragem. 

Terror e Perseguiçao na Receita Federal - primeira parte



Jamais se viu coisa igual na historia da Receita Federal do Brasil. Ousaria dizer que, nem mesmo na historia do serviço publico, atrocidade assim houvesse sido cometida.

 Do ponto de vista historico, talvez somente os Inqueritos Policiais Militares, os temiveis IPMs do governo militar - como aquele a que teve que se submeter o presidente Juscelino Kubitschek - rivalizassem em ilegalidade, falta de escrupulo, desrespeito aos direitos mais basicos das pessoas.  Tudo isso, eh claro, foi posto em açao a custa de mentiras, calunias, deslealdade  e ilegalidades cometidas a rodo contra os Auditores-Fiscais Washington Afonso Rodrigues, Cid Carlos Freitas e Marco Antonio Pessoa.


Se a Receita federal fosse constituida, na maior parte, por esses despreziveis torquemadas, o Pais ganharia muito em ve-la extinta. Pois nao valeria nada!


Felizmente, a Receita Federal nao eh essa miseria moral. Tenho certeza de que seus funcionarios assemelham-se muito mais ao bravo trio que venho de citar, do que a autoridades que agem como bandidos.

Na funçao de corregedor-Geral da Receita, abri cinco investigaçoes diferentes, que na linguagem tecnica sao chamados Processos Administrativos Disciplinares. Em todas as investigaçoes, nomeei Washington para presidi-las. Acompanhado por Marco e Cid. Por uma razao bem singela: sao Auditores-Fiscais de elevado nivel tecnico, investigadores habilidosos apaixonados pelo trabalho e integros. 

 Era, entre outros, para investigar um auto de infraçao da OAS, que havia sido derrubado em quase 98 por cento de seu total. Huummm...auto podre, com a solidez de um castelo de cartas. Rachid fazia  parte da equipe autuante, que erigiu a porcaria. Uma certa dupla de fiscais da alta cupula da Receita - hoje ja demitidos - esbaldou-se no auto furado  e faturou 19 milhoes para assoprar, e por abaixo, o castelo de cartas que Rachid et alii tinham feito. De 1 bilhao sobraram somente 25 milhoes.

 E Rachid meteu-se a defender a dupla dos 19 milhoes, valendo-se do cargo de Secretario, com uma tal falta de escrupulos, que tive de denuncia-lo ao entao ministro Palocci. Que, por ser Palocci, arquivou a denuncia. 

Rachid nao tinha escrupulo algum para atuar tambem em causa propria. Teve a cara de pau de me pedir que desconstituisse a propria comissao de inquerito que o investigava. 

Por varias vezes,  me pediu que eu pusesse Washington sob investigaçao, com argumentos antijuridicos e mesmo estapafurdios.  O objetivo era sordido. Pois se o proprio presidente do apuratorio passa a ser investigado, o tumulto no processo esta assegurado. Com a bem possivel anulaçao dos trabalhos, em beneficio das pessoas a quem ele defendia.  

Sendo assim, nunca atendi a nenhum pedido de Rachid, fosse para abrir ou encerrar inquerito. O Secretario nao manda no Corregedor, quando se trata de correiçao - e isso se constitui na essencia de uma Corredoria independente. 

Tambem nao tive nenhum processo disciplinar instaurado contra mim por Rachid, seja por denuncia-lo a Palocci ou por refutar os absurdos pedidos de perseguiçao do Auditor -Fiscal Washington.  Ah...sim: Rachid moveu uma açao de danos morais contra mim e, naturalmente, deu com os burros na agua. A Justiça nao da guarida a tais administradores. 

Entao tratava-se de ficar de tocaia, aguardando o final de meu mandato, para nomear o Corregedor fantoche.

Chegado o dia D, Rachid indicou, e Palocci nomeou o Corregedor fantoche. Um de seus primeiros atos foi atender ao pedido do dono: desconstituiu a comissao investigadora, exatamente como Rachid queria, agindo em causa propria. Pois, como visto,  ele era investigado em um dos trabalhos da comissao desfeita.


Mas nao bastava apenas isso: era ainda preciso desmoralizar os verdadeiros investigadores, dando azo a vingança e, sobretudo, a uma ajuda adicional a acusados de corrupçao grave. Assim, esses ultimos poderiam se gabar de terem sido vitimas de perseguiçao, enquanto os investigadores honestos amargariam a verdadeira perseguiçao.

Esta ai o risco maior de uma corregedoria fantoche. De fato, se dependesse de Rachid, os acusados de corrupçao nao seriam demitidos. E sim os verdadeiros investigadores.


Para nao alongar demasiadamente este artigo, vou continua-lo amanha. Pretendo mostrar como o fantoche infligiu um prejuizo aos cofres publicos no valor de 3 milhoes e 900 mil, que foi o custo de uma apuraçao especial demandada ao Serpro, na tentativa de atribuir 23 mil acessos imotivados ao Auditor Washington. E o que esta sendo feito para que ele e Rachid devolvam essa fortuna usada para o mal.      

13 junho 2011

Um dia de furia na Receita Federal



Amigos e colegas.
Na madrugada desta segunda para terça-feira, vou contar aqui no blog qual foi o dia mais ignominioso da Receita Federal. Acusaçoes falsas,calunias e mentiras, numa  perseguiçao sem paralelo  contra Auditores-Fiscais honestos, no cumprimento do dever. Dois paus-mandados estiveram na execuçao do trabalho sujo. E o chefe deles - aquele que pediu uma boquinha nos EUA, mesmo sem saber balbuciar the book is on the table, ja abandonou os fantoches a propria sorte.  No momento, faz seu cursinho de ingles.
Mas ja fez pior, bem pior. Nao adianta se esconder, pois as notificaçoes o alcançam la.  E serao com certeza punidos na forma da lei.  O tema eh repugnante e escatologico.
Aguardem, pois sera dada a conhecer a verdade verdadeira.

12 junho 2011

Esclerose lateral amiotrofica: a doença que preserva o essencial.



O astrofisico ingles, Stephen Hawking,  eh portador de esclerose lateral amiotrofica ( ELA ou ALS, em ingles )ha 45 anos,  mas a doença nao o impediu de publicar relevantes descobertas sobre o universo, especialmente sobre os buracos negros. Nem de ter filhos e levar uma vida quase normal. Comunica-se por meio de computador com sintetizador de voz.

Este artigo esta em ingles, porque foi publicado no site americano Patients Like Me. Trata-se de um site da maior relevancia, por reunir pacientes de varias patologias, agrupa-los, reuni-los com profissionais de saude e cientistas. Ainda, naturalmente, ha um forum de ricos compartilhamentos de ideias entre os participantes, chegando mesmo a debates vigorosos sobre tratamentos, perspectivas de cura, celulas-tronco etc.


Name:Jose Moacir Ferreira Leao

Male, 51 years


Goiania - GO  Condition Historyedit


Primary Condition:ALS (Amyotrophic lateral sclerosis)


First symptom:08/06


Diagnosis:may/07 Profile Activity  


14 Comments


Forum Activity


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Hello everyone. My name is Moacir. I am 51 years old, married to Angelica , and God has given us two wonderful children. We all live in Brazil. I will never forget the very day I couldn't open a bottle of wine- that day I left behind in September 2006. I only thought there was something wrong in my right hand. Little by little the things were getting heavier and more resistant to my efforts. Even my little baby managed to wrench his toys from my hand with no difficulty. Suddenly, I realized that it could be something far more serious, and I immediately made an appointment with the neurologist. By this way, after going through the underground of anxiety and depression, I finally faced the monster face to face- I found that soon I would no longer be able to walk, feed myself, and other atrocities. Yes, it's been stated that the monster may kill its victims in 3 to 5 years. Yes, there's no cure, everybody must take his placebo at an outrageous cost in order to retard the condemnatory sentence for a mere three months or so. Despite all dreadful things, I am in peace and I am confident. Great is God and endless is his kindness. The breakthrough is coming soon. For the first time, scientists show us a light of hope by the successful lithium trial in Italy, a famous study that made some people jealous (when will they ever learn that mice are mice and men are men...) while we, the real PALS, say: thank you so much.

11 junho 2011

Assim Falou Hitler






E aqueles que o seguiram eram todos "militantes" por um novo mundo possível


O perigo nasce antes de ser percebido. Quando o percebemos, ele já tem meio caminho andado.
O nazismo foi uma variante dos movimentos totalitários que pontificaram no século XX e ainda nos dias de hoje assombram os povos. O perigo é, na nascente, idéias puras à procura de homens tolos. C'est une idée à la recherche des victimes! A corrupção dos valores que fundam a civilização é "a mãe de todas as corrupções".
As idéias podem ser redentoras, e podem também ser trágicas, palavras salvam e palavras matam. A base filosófica do nazismo assentou-se num filósofo muito venerado nos nossos dias de perdição de valores - aquele filósofo de vasto bigode, que se expressava com lirismo e uma força literária incomuns, sendo considerado por muitos um dos maiores, se não, talvez, o maior, escritor de língua alemã: Friedrich Nietzsche, ecce homo.
A meta nazista era alcançar o homem superior, que Nietzsche, escondido detrás de seu alter-ego Zaratustra, ia pregando capítulo por capítulo, livro por livro. "O homem é algo que deve ser superado", ensinava o profeta que Nietzsche colocou a pregar em praça pública. Iconoclasta e niilista, Nietzsche apelava para a destruição de todos os valores porque "tudo isso é miséria, sujeira e mesquinha satisfação". O cristianismo era para Nietzsche coisa abjeta, uma "moral de escravos" e ressentidos. Ter compaixão era um defeito de caráter. Ser bom não é amar e servir ao próximo, e sim aspirar ao poder.
A guerra é boa, ensinava Nietzsche, porque desperta no indivíduo aquilo que de mais elevado possa ter em seu espírito. Um operário, na rotina tediosa de empacotar mercadorias em série na fabriqueta, sente-se aniquilado como homem; se Napoleão, contudo, põe nele o uniforme garboso e o chama para a guerra, eis que o pobre homem ressurgirá das cinzas, e a vida passará a ter um sentido, porque viver é lutar, guerrear e combater por mais força, mais poder. O pobre operário agradece a Napoleão, por lhe tirar de uma vida modorrenta e colocá-lo no palco da tragédia européia. Nietzsche amava Napoleão; os nazistas, que amaram Nietzsche, sabiam odiar intensamente, como lhes foi ensinado.
O fã-clube de Nietzsche ama Nietzsche e procura descolar seu ídolo do nazismo, mas é tarefa perdida desde o começo. Porque os nazistas fizeram do autor de "Para Além do Bem e do Mal" o seu profeta maior - e o seguiram nas prescrições todas. É possível que Nietzsche, cuja sensibilidade, fragilidade de saúde e horror ao culto à personalidade ("Tenho um medo terrível que um dia me tornem um santo", profetizou sobre si mesmo) tivesse dado meia-volta, se vivesse para testemunhar Hitler e seus esquadrões da morte em ação, agindo sem nenhuma compaixão na luta por poder, para instaurar mil anos do Terceiro Reich sobre a Terra. Talvez até renegasse sua obra, mas essas especulações não nos autorizam a negar que o monstro se pôs em marcha sob a batuta de Nietzsche, o maestro do nazismo. Idéias que matam.
É assustadora a capacidade de cooptação dos movimentos totalitários. Arregimentam e convencem sem a Razão. Eles se fundam na própria "destruição da razão", porque desprezam e negam o conhecimento objetivo - isto é, a Verdade, e proclamam mesmo ser inútil buscá-la. É o irracionalismo filosófico. A verdade, dizem, é uma mera construção, e constrói-se segundo o ponto de observação de cada um - como adoram repetir os relativistas dos nossos dias. Mas se assim é, tudo será possível. Vemo-nos desorientados, ao descrer na Verdade. Eliminada a crença na Verdade objetiva, sem o referencial, vem o apelo à ação cega, à edificação de obras que nos convêm contra a conveniência dos "outros". Isso descamba nos conflitos entre classes, etnias e grupos: entram em cena a guerra e as matanças revolucionárias, a "violência redentora" em prol da ação "por um mundo melhor", cujo horizonte são os totalitarismos e seus césares macabros.

10 junho 2011

Na Chama da Batalha

"Marcas do que se foi: lições do general Dayan, aqui por um triz, sobre vitórias impossíveis".




Em tempos de corrupção impune e de autoridades oportunistas, que se grudam ao cargo, a custa de negligenciar deveres para com a Republica, é hora de aprender um pouco com a História.
 Lembremos brevemente uma indelével "marca do que se foi", para serem ainda possíveis os "sonhos que vamos ter", como dizia uma bela canção do passado, no ocaso de cada ano.
O general e ministro da defesa israelense, Moshe Dayan, com seu indefectível tapa-olho, comandou e levou à vitória o seu país, na Guerra dos Seis Dias contra o poderoso triunvirato formado por Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuweit, Arábia Saudita e Sudão. Grande perigo à espreita. Eram 8 nações contra uma só. Vencer ali significava fazer um prodígio assemelhado ao de Moisés abrindo alas no Mar Vermelho, tomando o rumo de Canaã.
Israel, cercado por todos os lados, correu naquele momento o risco de ser eliminado do mapa. Mas o homem certo estava lá. Repetindo, a seu modo, o feito miraculoso do ancestral no Mar Verelho, ele esgarçou todos os limites e abriu o caminho da vitória, contra a lógica e os fatos, que pressagiavam a derrota.
Certamente que que ele teve algum medo, na chama e no calor da batalha. O zunido incessante dos morteiros, as explosões das bombas de alto impacto, a esmagadora superioridade numérica do inimigo, tudo isso, num dado momento, fez a vida do bravo general depender de uma casamata improvisada de ruínas de concreto, como se vê na foto ao alto.
Não, mas o medo não paralisa quem não se acovarda. A covardia é que paralisa e cavoca o abismo para a derrota. Voltemos aos bravos.
Enquanto os israelenses, nas cidades sitiadas, suportavam pesados bombardeios dos sírios, Dayan, com sua "audácia temerária", partiu como um raio para o ataque. Bem cedinho, numa manhã de junho de 1967, a aviação israelense destroçava os caças egípcios ainda no solo, ainda enquanto "dormiam". Feito. "Eles são muitos, mas já não podem voar". E sem o apoio da sua esquadrilha, o poderoso exercito egipcio foi totalmente abatido, em pleno Sinai, pela força aerea israelense. Tanques contorcidos, expldidos, em chamas exalavam o cheiro de ferro queimado. Era o cheiro da derrota.  Não mais do que três dias de batalha sucederam-se, e o Sinai - lá mesmo onde o Altíssimo entregou a Moisés o Decálogo que orienta os homens de boa vontade - caía sob o poder do exército de Israel. A vitória foi acachapante. Os blindados israelenses ocuparam simultaneamente a Cisjordânia e as Colinas de Golã, na Síria, recrudescendo o conflito se estende até os nossos dias.
O legendário Moshe Dayan via e antevia as coisas com um olho só, porque nas iminências de vida e morte é sobretudo o espírito elevado que guia o homem. Olhos para quê? O bravo Moshe Dayan infligiu aos inimigos agressores uma derrota humilhante, que mudou as fronteiras do Oriente Medio. 

 Ainda sobre o medo. Nietzsche lembrava-se, certa feita,  do general francês Turenne, que se surpreendeu diante da própria imagem no espelho, tremendo antes de ir para a batalha. Vendo a imagem assim trêmula, teve vergonha de si próprio. E disse: "Carcasse, tu trembles? Tu tremblerais bien davantage, si tu savais où je te mène". (Carcaça, tu tremes? Tu tremerias bem mais, se soubesses aonde te levo!) E foi à luta, pois sabia que não são os olhos, nem o corpo em tremelique, mas muito antes e muito acima,  é o espírito quem decide a vida dos homens.

08 junho 2011

A Violência Cai como Um Raio









"Eu Via Satanás Cair Como Um Raio"
René Girard, antropólogo, historiador e filólogo francês





Aí está uma recomendação de leitura aos amigos deste blog. Trata-se da tradução brasileira de um livro da monumental obra do francês René Girard, publicado em francês sob o título: Je Vois Satan Tomber Comme L'Éclair. Em português: "Eu Via Satanás Cair Como um Raio".



Em dias de violência sem controle também no Brasil, Girard expõe uma teoria inédita e solidamente amparada em documentos históricos sobre a violência e seus mecanismos causadores. Deixa para trás a psicanálise, o estruturalismo e o marxismo de uma só penada. Vejamos brevemente:



A Violência Explode



A violência, diz René Girard, é epidemia. Uma vez deflagrada, rompe todos os controles e ameaça extinguir a coletividade inteira. A causa da violência é a rivalidade mimética. Mimetismo é imitação. Os homens imitam-se uns aos outros desde o nascimento. Até o próprio desejo é imitação de outro desejo; desejamos o que os outros também desejam. E o nosso próximo, ao ver que desejamos o que ele já possui, reage aumentando ainda mais o desejo da coisa possuída. O desejo de ter as coisas dos outros é sempre mimético. Nasce daí a rivalidade mimética - ela é a causa primeira da violência. O imitador vai rapidamente da admiração à rivalidade com o imitado, que se torna então um obstáculo a ser suprimido. A violência assume a forma de desentendimentos e brigas para remover o obstáculo, até explodir no banho de sangue.
A Violência nos primórdios da civilização



Por isso, as sociedades primitivas tinham no sangue vertido um tabu. Temiam a eclosão da epidemia - e o sangue vertido representava grave ameaça de contágio, que envolvia a todos, como as pestes. Não separavam a violência da peste.



O Bode Expiatório



Para repor a paz ameaçada, surge a figura do inocente a ser sacrificado, que receberá sozinho a culpa de todos. O processo é inconsciente, já que os homens vêem não a si próprios, mas o outro, como o culpado: é a figura do bode expiatório. Após o sacrifício do inocente, imaginado como verdadeiro culpado pelos linchadores, a paz retorna. Para tudo recomeçar novamente, até eclodir nova onda de violência, que desemboca na execução de um novo bode expiatório. A vingança chama a vingança numa espiral sem fim.



A face escura do mal - Moisés interdita a violência



Girard vê a chave verdadeira para a comprensão da violência no texto bíblico. Ao interditar os desejos miméticos ("não desejarás as coisas do teu próximo, nem a mulher dele, nem seus animais"...), a lei mosaica dos Dez Mandamentos mostrava a profunda compreensão da gênese da violência, completando-se com a prédica cristã que interdita a vingança, estancando assim a epidemia de violência ("não te digo que perdoarás teus ofensores sete vezes, mas setenta vezes sete" - isto é, sempre). Os evangelhos, segundo Girard, revelam a falsidade de todos os mitos, que mentem ao justificarem uma certa "violência redentora" contra a violência má. Assim, os textos bíblicos redimem todos os inocentes sacrificados. Cristo anunciava a Verdade, somente ela podendo libertar os homens do círculo de ferro do Mal, isto é, da epidemia de violência. Daí: "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará".

Conclusão



O Mal é, portanto, a violência que a todos envolve e aprisiona, e deve ser primeiro compreendido para ser afastado - eis aí, segundo René Girard, a importância fundamental e a superioridade inquestionável dos textos bíblicos que decifraram a esfinge maligna para levantar as melhores civilizações, com a abolição dos ritos sacrificiais humanos, colocando o direito à vida no mais elevado plano. Dito de outro modo: "Não matarás". Da obra deste pensador francês, conclui-se que onde os textos bíblicos não estão na base da civilização, persistem os ritos sacrificiais humanos e o desprezo à vida, como é o caso dos totalitarismos à direita e à esquerda. Voilà! À bas la violence, vive la vie!