22 janeiro 2012

Covardia Em Italiano


Seria demais para os italianos, nao fosse a fala rispida de um homem que ordenava insistentemente ao comandante fujao que voltasse a bordo. Pois o comandante deve - por oficio - ser o ultimo a abandonar o navio, ainda que ao preço de de fazer do mar a ultima morada.
 
As comparaçoes com o naufragio do Titanic sao inevitaveis, embora naufragar a noite nas aguas terrivelmente geladas do Mar do Norte fosse tragedia bem maior. A certeza da morte iminente levou a orquestra do Titanic a executar as ultimas cançoes, num comportamento estoico que nos deixa perplexos. Se o navio Costa Concordia nao teve orquestra a executar derradeiras notas, nem um comandante heroi, foi talvez pela certeza de sobreviver de sua tripulaçao e passageiros. A vista da terra firme acende nos naufragos uma esperança sem fim. Esperança que joga de lado todas as regras da civilizaçao, dando lugar aos pisoteios e atropelos do salve-se quem puder.

Mas nem tudo esta perdido. Mulheres e homens sao ainda capazes, em momentos tragicos, de grandezas admiraveis. Pode o comandante fugir. Mas tera o homem da fala rispida a lembrar-lhe que as coisas ficarao feias em terra para quem nao cumpre o dever de oficio.    

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