20 junho 2006

Ética Enquanto Há Tempo


Está recomeçando a batalha contra a corrupção.
A maioria dos deputados federais não será reeleita, pois o festim da impunidade vai agora cobrar-lhe o preço. Serão expulsos dos mandatos que não quiseram dignificar. O eleitorado está enojado à farta e não apostará em reeleição, por temor de reconduzir mensaleiros e outros que lhes deram guarida.
A Transparência Brasil lançou em seu site uma palavra-de-ordem decisiva para a limpeza política. Ei-la: "Eleitor, não vote em mensaleiros"
E nem nos que os apoiaram, mensaleiros ou não, ajunte-se.
"Não é a economia, estúpidos", é a moralidade pública que está em jogo, e com ela as instituições-pilares da República - dirão os eleitores aos hipócritas que não mais querem falar de ética, só de economia. É a conveniência dos mensaleiros e de seus cúmplices.
Contudo, a ética é mais necessária do que nunca, e não mais como trampolim para espertalhões. Só a exigência da ética como valor indispensável à política pode defenestrar a corrupção.
Ou a corrupção vence e constrói sua própria "ética", porque a corrupção dos mensaleiros não foi coisa de ladrão avulso ou de bandos, em busca da fortuna pessoal - e sim um projeto de poder hostil aos valores da democracia e da liberdade. Este é o principal mistério da esfinge, já decifrado. Falta-nos devorá-la, ou ela a nós.
Se o país não der uma resposta enérgica à corrupção vitoriosa, não serão somente as oposições que beijarão a lona. Decairemos todos no terremoto que vai enterrar as instituições e a própria economia com elas. Se naufraga agora o império da lei, emerge em seu lugar o império do terror, já anunciado nas ações espetaculares, que foram os ataques sangrentos do PCC e a invasão do Congresso. O descontrole do crime impune fará o último ataque do PCC parecer uma briga de gangue juvenil. Serão multiplicadas as invasões terroristas. Sobrevém ao mesmo tempo a desorientação das pessoas sobre o que é certo e errado, num relativismo moral onde os bandidos podem perfeitamente ser as vítimas, e as vítimas, merecedoras de castigo. Vem a insegurança jurídica, o pisoteamento dos contratos e da Constituição, em resumo, as condições desejadas para a nova "ordem" de um estado totalitário, por sobre os escombros da República. Para isso foi a corrupção, ela é revolucionária. Contra ela, a ética. Enquanto há tempo e liberdade.

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