12 junho 2006

O Deserto é Verde



A moça gaúcha aí se chama Eliziane.
Eliziane Mello. É biológa.
Nasceu no Alegrete e mora em Santiago ("não me perguntes onde fica o Alegrete...").
Não quer nem saber do gigante sueco-finlandês do papel, a Stora Enzo, que está de mala e cuia para aportar nos pampas gaúchos.
O grupo Stora já adquiriu 46 mil hectares na região da fronteira-oeste gaúcha, onda mora a bióloga. Eliziane censurou asperamente a ida, na semana passada, de uma alegre comitiva de deputados estaduais à Finlândia, em missão de reconhecimento da fábrica do gigante do papel. Desperdício do dinheiro público, segundo ela. Os deputados viajantes são ignorantes, no dizer da alegretense, porque desconhecem "a teoria que aponta os sérios danos ambientais que a Stora Enzo causará na região, alteração no bioma pampa, aniquilação do aqüífero guarani, desarticulação da cadeia produtiva do setor primário, entre outros prejuízos irreparáveis".
Epa! O debate nem começou, mas desde já nos vamos perguntando.
Os empregos que seriam gerados, mais os investimentos em tecnologia e preservação da natureza, feitos pela Stora Enzo, compensariam o impacto ambiental negativo (devastador, segundo a bióloga)?
Temos estudos sobre o impacto ambiental, como elementos fundamentais de análise, ou estamos no ar?
Vale a pena suportar os danos ao meio ambiente em benefício da geração de empregos no curto prazo ou haveria possibilidade de harmonizar uns e outros em prol do desenvolvimento?
Para mim, a questão ainda não está decidida.
Mas que a moça pode ter razão, pode. O deserto também é verde.
Que acham?
Certo, no entanto, é que se precisa de redobrado cuidado com a Stora Enzo e com um governo que afundou as finanças públicas gaúchas. Por que teria maior consideração com as árvores e as águas doces lá debaixo?

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