12 setembro 2011

O Passado Nao Passa Na Eternidade

Onde andarao as mais doces efemerides do passado...Sera que se foram para sempre ou ainda restarao em algum lugar invisivel aos olhos, somente acessiveis pelo esforço da memoria!

Voce havera de lembrar-se dos grandes bailes, onde todas as  mulheres pareciam mais altas, quando chegavam usando os coques espiralados, minuciosamente erguidos num instituto de beleza... Nao! Nao era num mero salao que as belas do passado ficavam ainda mais belas. Somente podia ser num instituto de beleza, aquele lugar com cheiro de laque, onde se faziam longas cabeleiras manter-se nas alturas, desafiando a lei da gravidade. Do you remember...


Eram tempos das lambretas, em que as moças, na garupa, sentavam-se de lado, unindo os joelhos para manter as saias protegidas da ventania. Jamais veriamos uma donzela na conduçao. No radio, ouvia-se yesterday, na voz do jovem Paul. O perfume channel numero 5 era entao o preferido por nove entre dez mulheres, combinando seu indefectivel aroma com as manhas e noites geladas de julho, em Rio Pardo.

 Os homens reuniam-se nos cafes, para falar sem pressa de negocios, futebol e fazer uma fezinha no bicho, em apostas do primeiro ao quinto. Ainda escuto, nas profundezas  da memoria, os estalos do domino esparramando-se sobre as mesas. Atenciosos garçons em branco iam e vinham ao estalar de dedos da freguesia. A grapette era uma opçao a coca-cola. E os versos eram os preferidos pela propaganda, pois as pessoas tinham vagar pra ler as pequenas historias rimadas.  Quem bebe grapette repete!  Nos onibus, dominava o rhum creosotado:


Veja, ilustre passageiro,
O belo tipo fagueiro,
que o senhor tem a seu lado,
E no entanto, acredite,
Quase morreu de bronquite,
Salvou-o o rhum creosotado

Eram cavalheiros e damas dispensando-se mesuras e atençao. A senhora sente-se, por favor! Os autos pretos da Ford, com volantes enormes, eram o sonho de consumo masculino. Quem nao se importasse com algum desconforto podia ir e vir de jipe. Os caminhoes eram FNM.  

Ah! Os anos sessenta, a que me coube assisti-los ainda com idade de um digito somente. Aonde foram...onde estarao agora! Tenho esperança de reencontra-los em algum lugar na eternidade, onde nao transcorrem nem os dias, nem o tempo, segundo o filosofo preferido de Deus, Santo Agostinho, dado que ao olhar do Altissimo nada passou e nada vira: tudo eh! 

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