10 junho 2011

Na Chama da Batalha

"Marcas do que se foi: lições do general Dayan, aqui por um triz, sobre vitórias impossíveis".




Em tempos de corrupção impune e de autoridades oportunistas, que se grudam ao cargo, a custa de negligenciar deveres para com a Republica, é hora de aprender um pouco com a História.
 Lembremos brevemente uma indelével "marca do que se foi", para serem ainda possíveis os "sonhos que vamos ter", como dizia uma bela canção do passado, no ocaso de cada ano.
O general e ministro da defesa israelense, Moshe Dayan, com seu indefectível tapa-olho, comandou e levou à vitória o seu país, na Guerra dos Seis Dias contra o poderoso triunvirato formado por Egito, Jordânia e Síria, apoiados pelo Iraque, Kuweit, Arábia Saudita e Sudão. Grande perigo à espreita. Eram 8 nações contra uma só. Vencer ali significava fazer um prodígio assemelhado ao de Moisés abrindo alas no Mar Vermelho, tomando o rumo de Canaã.
Israel, cercado por todos os lados, correu naquele momento o risco de ser eliminado do mapa. Mas o homem certo estava lá. Repetindo, a seu modo, o feito miraculoso do ancestral no Mar Verelho, ele esgarçou todos os limites e abriu o caminho da vitória, contra a lógica e os fatos, que pressagiavam a derrota.
Certamente que que ele teve algum medo, na chama e no calor da batalha. O zunido incessante dos morteiros, as explosões das bombas de alto impacto, a esmagadora superioridade numérica do inimigo, tudo isso, num dado momento, fez a vida do bravo general depender de uma casamata improvisada de ruínas de concreto, como se vê na foto ao alto.
Não, mas o medo não paralisa quem não se acovarda. A covardia é que paralisa e cavoca o abismo para a derrota. Voltemos aos bravos.
Enquanto os israelenses, nas cidades sitiadas, suportavam pesados bombardeios dos sírios, Dayan, com sua "audácia temerária", partiu como um raio para o ataque. Bem cedinho, numa manhã de junho de 1967, a aviação israelense destroçava os caças egípcios ainda no solo, ainda enquanto "dormiam". Feito. "Eles são muitos, mas já não podem voar". E sem o apoio da sua esquadrilha, o poderoso exercito egipcio foi totalmente abatido, em pleno Sinai, pela força aerea israelense. Tanques contorcidos, expldidos, em chamas exalavam o cheiro de ferro queimado. Era o cheiro da derrota.  Não mais do que três dias de batalha sucederam-se, e o Sinai - lá mesmo onde o Altíssimo entregou a Moisés o Decálogo que orienta os homens de boa vontade - caía sob o poder do exército de Israel. A vitória foi acachapante. Os blindados israelenses ocuparam simultaneamente a Cisjordânia e as Colinas de Golã, na Síria, recrudescendo o conflito se estende até os nossos dias.
O legendário Moshe Dayan via e antevia as coisas com um olho só, porque nas iminências de vida e morte é sobretudo o espírito elevado que guia o homem. Olhos para quê? O bravo Moshe Dayan infligiu aos inimigos agressores uma derrota humilhante, que mudou as fronteiras do Oriente Medio. 

 Ainda sobre o medo. Nietzsche lembrava-se, certa feita,  do general francês Turenne, que se surpreendeu diante da própria imagem no espelho, tremendo antes de ir para a batalha. Vendo a imagem assim trêmula, teve vergonha de si próprio. E disse: "Carcasse, tu trembles? Tu tremblerais bien davantage, si tu savais où je te mène". (Carcaça, tu tremes? Tu tremerias bem mais, se soubesses aonde te levo!) E foi à luta, pois sabia que não são os olhos, nem o corpo em tremelique, mas muito antes e muito acima,  é o espírito quem decide a vida dos homens.

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